Mercado de trabalho segue aquecido, aponta IBGE; massa salarial, que indica o volume de dinheiro injetado na economia, cresceu 4%

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PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO



O mercado de trabalho das seis maiores metrópoles mostrou-se mais aquecido nos três primeiros meses do ano e já sinaliza um impulso adicional ao consumo em 2010 -principal razão do Banco Central para elevar a taxa básica de juros anteontem em 0,75 ponto percentual, para 9,5% ao ano.

Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego ficou em 7,4% no primeiro trimestre de 2010, a menor marca da série histórica do instituto, iniciada em 2002. Havia sido de 8,6% em igual período de 2008. A taxa de março foi de 7,6% -pouco acima dos 7,4% de fevereiro, mas a mais baixa desde 2002 para o mês de março.

Entre o primeiro trimestre de 2009 e os três meses iniciais de 2010 foram abertas 657 mil novas vagas -mais do que todos os empregos formais da região metropolitana de Recife.

Indicador do volume de dinheiro injetado na economia, a massa salarial, por sua vez, cresceu 4% de janeiro a março, no mesmo ritmo de 2009.

Para especialistas, emprego e massa salarial em alta corroboraram a elevação dos juros, ao lado da expansão da produção da indústria, das vendas do comércio e do crédito. Tal cenário, dizem, sustentará o consumo neste ano -que só deve arrefecer ao final de 2010, já sob impacto do aperto monetário.

“A expectativa é de contínuo aquecimento do mercado de trabalho. O consumo vai crescer e só sentirá a alta dos juros no final do ano”, diz Aurélio Bicalho, economista do ItaúBBA.

Segundo Thais Marzola Zara, da Rosenberg e Associados, a massa salarial está “muito forte” e continuará a sustentar o consumo, ainda mais num cenário de melhora do emprego -o que dá mais segurança para o trabalhador se endividar.

Tanto Zara como Bicalho dizem que sondagens da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e da FGV com empresários mostram a disposição de contratar mais nos próximos meses, o que impulsionará o emprego. No primeiro trimestre de 2010, a ocupação avançou 3,1%, mais do que o 0,7% do mesmo período de 2009.

Rafael Bacciotti, analista da Tendências, vê o mercado ainda aquecido, mas crê numa acomodação. “O crescimento do emprego e da renda vão se dar num ritmo mais brando do que no primeiro trimestre, mas suficiente para alavancar o consumo e o crescimento do PIB.”
Salários

No caso da massa salarial, a perspetiva dos especialistas é de crescimento mais por conta da expansão do emprego do que da renda.

Em março, o rendimento subiu 0,4% ante fevereiro e 1,5% sobre março de 2009. Fechou o primeiro trimestre com alta de 0,7% -abaixo dos 5,1% em igual período de 2009.

Veículo: Folha de S.Paulo
Publicado em: 30/04/2010 – 10:01
Disponível em:
http://www.meujornal.com.br/ocb/Jornal/Materias/Integra.aspx?id=1007178